domingo, 30 de janeiro de 2011


...SER...

Ser tu, sendo eu...
No momento certo do mundo obscuro.
Ser eu sendo tu...
Nas consciências tristes das irrealizações sociais...
Ser eu sendo tu no mesmo ser,
jogando palavras no salão do tempo...
Enfrentando o adversário...
Cada um no seu lugar...
Com seu brilho, com seu som...
Ser eu, sendo tu, sendo eu.
No que digo, no que penso, no que faço...
Sendo eu, sendo tu, sendo eu...

domingo, 23 de janeiro de 2011

Pedaço de noite

A necessidade de encontrar a alma
         gêmea do verso me fez vir...
Pedaço de noite, frio do luar.

O momento mágico do novo poema começa...
É hora de viver o poema da alma...
A nossa alma...

Fugir... fugir... fugir
      como aves de arribação...
Fugir de tudo que nos prende ao mundo
                                        lá fora.
( ... )
Vamos buscar o luar, o mar...
A luz que reluz neste pedaço de noite
                             eterno e efêmero,
mas necessário para nós.

sábado, 22 de janeiro de 2011

CENA MATUTINA


Última manhã de julho...
Algumas poucas pernas vão e vem...
tortas, brancas, finas, vestidas ou nuas...

Um imponente cachorro caminha
              levado por seu dono magricelo...
De um portão, dois cãozitos ladram, ladram e ladram.
Mas essa agitação não abala
              a imponência canina
              daquele "cãozarrão"...
                       que continua sua caminhada
     "curtindo" a caída do orvalho.
Só eu me abalo com a cena...
              impressiono-me
agito-me...
Procuro não ver a rotina.
Mas, aquele belo cão me impulsiona a ver
                 tudo e nada
       na manhã fria de julho..


(Produzido em 31 de julho de 2001 e dedicado a barnei em 22.01.11, foto in: diário de uma alma-em homenagem aos ancestrais)

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

VENENO MALDITO

Queres turvar meu ser
como turvas a ti mesmo

atinges-me com tuas flechas ferinas...
Não ouso revidar.
Um nó na garganta,
uma lágrima,
é tudo que resta desse tempo novo em mim...

Não tenho motivos,
não tenho...
O que não tenho?

Pergunto-me e não encontro respostas.
Lembro uma fábula.
Sou, nesse momento, o pobre cordeirinho...

Gostaria de ser o lobo, berrar,urrar, rugir...
Meu coração quebrado não ousa nada...

Estou querendo e não querendo...
Foges, foges, foges é teu costume
cumpre-o, mata-me de dor,
mas, morre, também, tu 
com teu próprio veneno maldito...
Engoles cada palavra e prova o fel da tua desconfiança...
A mim, resta-me saber
que um dia triunfarei sobre a tua dor,
maldito amor...

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Reflexão monologada

Na tarde sombria a dúvida paira!
Tenho vontade de ouvir tua voz...
O coração queima, espinhos traspassam 
todo o meu ser...
Sou infinitamente solitária...
Aqueles cacos que juntei,
tornaram a quebrar-se...
Agora não sobrou nada, a não ser as cinzas vermelhas...
Se pudesse me recompor,nunca mais queria te ver...
Uma lágrima corre... TEIMOSA...
São restos, ou é todo meu amor que clama...
(...)
Quero alguém que me escute
            que me ame
      que me toque.
Sinto que nunca mais te terei...
Não queria enxergar essa realidade.
Estou infinitamente triste...
Talvez encontre aquela tarde
     cáqui e bela...
Mas isto não me alegra...
(...)
O que me alegraria?
       teu som?
      teu cheiro?
   tua voz?
   teu corpo?
O mistério da vida é maior...
As doces lembranças e as amargas lembranças
se misturam...
Sou tola e torpe...!
Não... Não quero lembrar 
               nada...
(...)
Só de mim neste momento
solitário e dolorido que vivo...

sábado, 8 de janeiro de 2011

BUSCA

O que somos? (...)
O que somos,senão este pedaço inerte de ser.
Busco a razão fora de mim...
Encontro-me no labirinto, infinitamente perdida.
Meu rosto reflete a imagem obscura...

Não me encontro...
Uma música qualquer me desperta...
Estou no meio de tantos (...) E  estou só...
Infinitamente só...

Quero sair de mim, buscar-me no que fui...
O dia é infinitamente noite...
O mistério da vida é o mesmo da morte?

Há seres que não podem sair de mim...
Mas, saem e se multiplicam
prendendo-me a este resto de neblina em que me tornei...

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A pantera ferida


Olhos cinzentos
pele macia
interior vazio...
Palavra que fere (...)
a unha e a presa invisível
da "PANTERA NEGRA" ...
Busca o momento inconstante...
Olhos negros que chispam no horizonte perdido
do nada...



(Para uma outra pantera ao entardecer)

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

MEDO DE MUTAÇÕES

 
O vento bate em meu rosto...
Acaricia-me os cabelos...
Nele, sinto mãos invisíveis que me acariciam toda...
No seu sussurro, escuto palavras amigas e carinhosas...

De repente, é como se tudo em mim girasse
e eu me perdesse nesse labirinto 
que é meu corpo e minha mente...
Sinto que quero amar-me e amar,
ser mulher e menina...
Escapar desta neblina 
em que te vejo fugir,escorregar e sumir,
como bolhas de sabão...

Também sinto-me" mutar"...
Transformar-me em pequenas bolhas que voam para longe...
Sinto medo de esbarrar em outro SER 
e doar-me... como as águas ao mar,
como as folhas ao vento...
como o néctar às abelhas...

domingo, 2 de janeiro de 2011

Cascata

Corre feito vento...
Na alegria do que vemos,
a verdade do que sentimos.

Paz... saudade, serenidade.
Seremos isto?
Ou o avesso do verso reverso?

Há no fundo do coração
outra cascata,
que chora,que sofre...

Mas, a paz externa,
o som dessas águas, me faz delirar...

Há, no entanto, um grito abafado,
como esse som de cascata...
Se pudesse ser
o Ser de antes...
Sem nomes ou pre-nomes
nesta tarde de felicidade
que passa...