segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Eu e meus pássaros


Olho a gaiola...
Assusto-me...
       ...
Acendo uma luz, parece que tudo
                           quer apagar-se...
Procuro o perigo que me incomoda...
São gatos?
Quero esquecê-los...
           miau...miau...
Esse eco me incomoda...
Busco uma saída, talvez a praia...
Quero infinitamente defender
                   meu pássaro...
Olho ao redor, quero certificar-me 
                         que não há ninguém...
Fujo, fujo e fujo...
Nesta caminhada, levo o gato e protejo meu pássaro...
                                        CONSEGUIREI?                                              

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

TENSÃO

Estou no topo de uma escada.
Além desta, há outras.
Meus pés presos, eu ando no tempo...
Como queria sair e fugir numa fumaça...
Não posso descer ao passado...
Tenho medo daquela escada que vejo além desta...
O presente não me agrada...
O que quero? Encontrar-me.
Perdi-me num emaranhado de linhas invisíveis...
Soltei o novelo no labirinto, mas alguém o emaranhou...
Gostaria de me ver novamente, mas
aquela fumaça cobre-me...
Oh! momento telúrico em que
tudo me reverte ao nada que sou...

sábado, 20 de novembro de 2010

ANDARILHA

Lembro tua voz menina...
Meio trôpego, feito bêbado errante...
Queres te afirmar,
queres te encontrar,
queres... Que queres?

Tropeças nas palavras...
Engoles "ss" e "rr" e comes palavras...
Pareces menino...
És homem! Produto de uma sociedade excludente...

Gosto de pegar desafios...
Pedras brutas...
Quero lapidar...
Assim como já fiz!
                    Quando prontas,
                                 devem brilhar jóias,
                                       em outros dedos...
E eu, andarilha do tempo
buscarei outras matérias-prima
para "                               S "
                                    A
                                 L
          A      T       Á
               R       E
                              Conseguirei?
                                                  

terça-feira, 16 de novembro de 2010

A UMA NOITE

Estremeço ao roçar do teu corpo...
Todo teu ser gustativo em mim...
levas-me por caminhos indiscritíveis.


Teu silêncio me atordoa...
Roço meus dedos em teu corpo...
Não reages.
Estás frio, distante, inatingível...
Desisto e durmo como nunca mais o fiz.


Desperto e te vejo ali,
quase a fugir...
Sem uma palavra te vás.
Tenho vontade de amar...
Busco palavras nos outros...
Na verdade, queria mesmo as tuas
que se perderam no caminho...


Melhor esquecer...
Fazer de ti uma daquelas miragens.
Não cáqui, nem azul, talvez cinza...
Lembrando teu último carnaval distante.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Ler, operação de mão dupla

         Escrevo retalhos da alma. Mas, ao escrever dialogo com meus fantasmas, com meus leitores, com outros poetas e com escritores de romance. Espero que meus leitores deem vida e atribuam significações aos meus escritos, de acordo com a experiência de cada um. Nesse encontro de diálogos brotará novas vozes que se juntarão as já articuladas nos escritos. Nesse sentido, não teremos um único "ser" dono do texto, mas, muitos. Só assim, perceberemos o quão de belo que há na magia de cada palavra, fazendo-se e refazendo-se a cada leitura, no desejo de sempre se renovar.

sábado, 13 de novembro de 2010

INEXPRESSÃO


Passei minutos buscando
                     teu verso.
Que me fugia sob
                     todo aspecto...
Estava dentro do meu
               coração
o verso belo de uma
                         canção...

Mas não queria
                       fora expressar
a alegria de te ver tocar
a parte fria de um ser
                       bem triste...
Que se alegra por saber
                      que existes...

Comparo agora este sentimento
que me inspira por vários momentos
quando um azul em mim existia
mas que de leve tristeza trazia.
Chegas alento daquela tristeza
que se perdeu em meio à correnteza...
.                                                                                                      

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

MIRAGEM CÁQUI


Sinto o fim da última inspiração...
Como as bolhas de sabão
daquele poema,
tu,também foges...
A reflexão motivou tudo,do nada que sumiu.

Minha lágrima
escorre por dentro...
É igual aquela vermelha e em cacos...

Ainda me resta ouvir um resto de mensagem
até que tu sejas apenas uma miragem
cáqui e bela numa tarde-noite
de ano zero...

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

ALMA GÊMEA DO VERSO

Busquei um verso numa
        tarde fria...
Mas na expressão nada
        existia...
Só tua imagem de horas
        vazias...
Preenche o espaço de uma
        melodia...
És alma gêmea do meu
        verso avesso
distante e próximo
        desde o começo.
Numa escada de degraus inversos
estamos almas de um fim-começo.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

PONTO CINZENTO


Olho fixo o arrebol...
Vejo-te num ponto cinzento
tudo gira...
        Menos você que parece um ponto
                                                   fixo e
                                                   fino...

Lentamente,movo-me na direção da luz...
Mas, você! ( ... ) Ponto cinzento,
                   escurece-me as idéias,
                    prende meus passos
                    dilacera-me a alma...
Fujo na direção do sol
ofusco-me com a luz
                            que por momentos escurece...
                  ( ... )
Busco saídas, procuro respostas...
Nada esclarece nada
e eu, perdida no caminho da volta,
                          saio a procura de mim...