segunda-feira, 29 de agosto de 2011

INSANIDADE

Minha palavra está nua...
Rasgo sua carne ao vento
dilacero seu sentido 
corto-lhe a última esperança...
Torno seu todo em átomo...

Ela se recompõe 
revida minha malvadeza insana 
dilacera minha carne
despe-me a alma...
Rendo-me a sua capacidade de refazer-se
e dançamos uma valsa ao luar,
aguardando novos duelos...

terça-feira, 23 de agosto de 2011

A QUARTA LÁGRIMA

Choro....
o doce  salgado da traição.
Meu coração lacrimeja sangue...
Meu corpo esfalecido, treme..
Eu, mais uma vez, divido-me, multiplico-me,
                                diminuo minha vontade...
Sofro a dor una e tripla...
Re-vivo outros momentos...
Quero urrar e silenciar...
Estou partida por dentro. 
A lágrima rega a plantinha frágil...
Penso naquela árvore velha e forte...
Agora, sou um rio secando...
               sou um céu sem mar...
                 sou um mar sem sol...
                    uma noite sem lua...
Penso mais uma vez na minha dor...
O poema não a traduz,
a palavra me falta...
Só há um punhal de prata, ferindo-me...
É uma dor multiplicada...
Busco o consolo da alma
                        e encontro outros momentos iguais
a esse da minha quarta lágrima, 
                                 no silêncio soturno da madrugada...

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Uivo

    É meia noite...
  O lobo uiva...
A lua cresce
Eu, louca e loba olho a lua...
Apaixonada e louca
Te quero

A lua também...
Estamos sós...
Não... Não estamos sós...
Eu, tu, a noite, a lua e o lobo...
Nos encontramos na encruzilhada...
Eu estou só...
Tu estás só...
Nos encontraremos num louco dia...
Que não será dia, nem noite.

Será nós dois,
No imenso labirinto
Do eu e do tu, numa eterna noite,
De Dalila e Sansão
Sem nunca nos encontrar...

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

SOLIDÃO

Fim de tarde...
           Estou só.
Sem ti, meu corpo queima 
                 e clama.
Minha boca, sedenta,
suga a última gota de saliva...
Busco, na mente, teu olhar enebriante,
                    que me acalma
                     e aquece a alma...
És um doce veneno,
                  que me consome,
mas faz nascer no peito
a esperança do eu 
se transformar em nós...

domingo, 7 de agosto de 2011

DESCANSO

O vento bate no meu rosto,
sussurra ao meu ouvido...
Nego-me a escutar essa voz...
É uma voz alheia que me incomoda.
Reflito...
Mais uma vez nego o que penso...
Não é a minha voz,
não é a tua voz.
É uma terceira que se torna obsessão...
Comparo-me a uma criança
                       embevecida com um brinquedo...
Agora brinco com as palavras
é rima
é rumo
é ramo
é rítmo
é rota
é rito
é rio
é rua 
      é raro...
        
Esqueço o que deveria lembrar
e descanso à sombra dos mangueirais...